quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Rodrigo Costa


25 de novembro de 2010


The Landscape as the Place of Everything


"... Feita a apresentação, o livro mantém-se; e haverá a possibilidade de voltar a conversar sobre o tema: com algumas das mesmas e com outras pessoas, porque a Vida é feita, também, de diálogo, pela necessidade de se compreender a razão das coisas...
Para os que vieram, deixo o agradecimento... porque nada acontece, se não houver quem apareça... E, não se esqueçam, a exposição permanecerá até 21 de Dezembro. "




/.../ Em ensaio reflexivo, Rodrigo deixa-nos a sua ideia sobre o tema, “A Paisagem como o Lugar de Tudo”, dizendo-nos, “o que me apaixona não é o que olho, mas o que o que eu vejo me recorda como lugar onde me parece que pertenço”; e a sua paixão evidencia-se no passo seguinte, “porque a luz e as formas não demoram, e pedem-me que seja breve, e obrigam-me ao movimento que me aproxime e possa influenciar outras histórias –movimento: impressão e expressão... num gesto.” Sente-se, neste texto, a forte influência que a paisagem exerce sobre o artista, quando Rodrigo diz “A aragem que me toca é um vício”… Eileen como que se associa e escreve, num dos poemas, “o vento alinha-se, rodeando, abraçando, revendo-me.”

A ideia de ouvir a paisagem provém do modo como Rodrigo evoca as cores, “tingidas por céus e atmosferas que as comungam, entre tons e entre sons”; e como, em simultâneo, Eileen alude a “uma ópera que é riscada no céu” e às “árvores que desfolham e murmuram, orquestrando um coro de brisas”… Ambos cruzam, a propósito das cores, referências que repercutem a reverência à luz. Tal é confirmado em “gritando luz e chumbo e azul e verde e ocre”, de Rodrigo, como em “Índigo… Uma faixa de meia-noite, no lugar onde o azul cai sobre o violeta”, de Eileen.
John Kelly
/.../ Devo, à paisagem, a compreensão do fundamento das sínteses, a resignação compreendida na captação possível do que não se atinge, porque corri atrás das luzes e das sombras, querendo-lhes o retrato, como se todas as lembranças fossem únicas e apenas lembradas em fotografias. Mentira! Pude aprender sobre a cumplicidade da Razão e da emoção, e pude conhecer, na interpretação consciente e aflita, a alusão à harmonia e à harmonia que nos transcende; não sendo mais as mesmas, as composições e as figuras estarão sob céus e odores provindos da Terra como fonte de todos os regressos.

Poderia, esquivo, reduzido e redutor, repito, dizer, tão-só, que a paisagem é um dos meus sítios. Falaria a verdade, mas há nela muito mais do que o mero sinal indelével do livre arbítrio, porque, sem a paisagem, o argumento escassearia; faltaria à Pintura o espaço e o tempo de reflexão, porque não há profundidade sem cenário nem sem princípio: o mundo onde o conhecimento e a lembrança aparecem e a perspectiva e o gesto se reciclam…
Rodrigo Costa

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